HISTÓRIA DE PEDRINHAS PAULISTA
Tudo começou após a II Guerra
Mundial (1945), quando a Itália viu-se em condições bastante precárias,
econômica e demograficamente, tinha mão de obra, mas não tinha onde usá-la.
Em 10 de fevereiro de 1947, era assinado
o protocolo do tratado de paz entre Brasil e Itália.
Através de muitas negociações
diplomáticas, conseguiu-se firmar um acordo entre Brasil e Itália em 08 de
outubro de 1949, onde ficou estabelecido que em troca ou liberação dos bens
confiscados pelo Governo Brasileiro, durante a guerra, dos italianos residentes
aqui, a Itália se obrigaria a enviar imigrantes com experiência agrícola para
colonizar áreas destinadas para este fim e também condicionadas esses valores
na aplicação em investimentos ligados a um plano de colonização.
Desse acordo ítalo-brasileiro
resultou a criação do CBCII com aplicação dos valores dos bens confiscados,
conjugando as quantias de 100 milhões de cruzeiros velhos, colocados pelo
Governo Brasileiro e 200 milhões pelo Governo Italiano, formando assim o
capital inicial da referida Companhia, cujo objetivo era organizar colônias
agrárias no Brasil.
A Itália durante algum tempo, na
época de Mussolini mantinha possessões italianas no continente africano, que
representavam um papel importante nos planos de transferências dos excedentes
populacionais da península. A vitória dos aliados desbaratou este esquema
colonialista da Itália, que resolveram, portanto aplicar em especial na América
do Sul, todo o plano que seria aplicado na África.
A primeira missão composta de
três técnicos agrários, encarregados do reconhecimento da América chegou ao
Brasil em 1.949, realizando estudo preliminar, colhendo subsídios do ponto de
vista climático, econômico-agrário, das condições civis e sociais, etc. A
segunda missão do plano de reconhecimento mais orgânico e profundo, além do
Brasil, incluía outras regiões da América do Sul. Assim em 1.950 são enviadas
missões ao Brasil, Chile e Peru, e no ano seguinte ao Paraguai, Bolívia e Equador.
No Brasil estas áreas aproveitáveis, não se limitavam apenas ao Estado de São
Paulo, foi do Rio Grande do Sul até a Bahia. Este trabalho bastante minucioso
foi realizado por uma missão oficialmente denominada “Missione di
Assistenza Técnica all’Emigrazione nel Brasile”, que iniciou em
1.950 e permaneceu no País até o final de 1.951. Dela participava 13 membros,
oito dos quais diplomados em Ciências Agrárias (Zootécnico, Fitopatologista,
Perito em Ciência Florestal, Pedólogo, Economista Agrário, etc.) um Engenheiro
Mecânico Agrícola, um Arquiteto especialista em construções rurais, um Doutor
em jurisprudência e um Perito Agrário. Muitos desses elementos eram
especialistas em colonização agrícola com experiência na África Italiana.
Portanto a organização da colônia
foi precedida por levantamentos das condições geográficas oferecidas pelas
regiões brasileiras, que das regiões observadas foi escolhida uma área no
Estado de Santa Catarina, uma área no Estado de Goiás e outra entre a Média e a
Alta Sorocabana, Estado de São Paulo. Todas essas áreas consideradas de recente
colonização. Mas a única que sobressaiu e sobreviveu foi a do Estado de São
Paulo, que é a de Pedrinhas Paulista.
A aquisição de terras e execução do
plano de colonização era feito em nome da CBCII, empresa constituída no Rio de
Janeiro como S/A em 28 de setembro de 1950, logo após o Acordo Ítalo-Brasileiro
sobre Emigração de 05 de julho de 1950, instituição surgida, portanto como
produto da Segunda Guerra, com capital italiano e brasileiro.
A escolha definitiva recaiu sobre
uma gleba de terras chamada “Fazenda Pedrinhas”, a abordagem de sua
cobertura vegetal foi facilitada pelo levantamento efetuado pela CBCII, onde se
encontra a afirmação de que essa área começou a ser desbravada em 1.920, quando
os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana estavam chegando às barrancas do Rio
Paraná, há uns
Para constituição da
Colônia foi lavrada uma Escritura em 14 de março de 1951 referente à aquisição
de uma área de 1.378,46 alqueires e em 04 de outubro de 1952 foi lavrada outra
Escritura pela aquisição de mais uma área de 119,54 alqueires, áreas essas
adquiridas de José Gonçalves Serôdio e sua mulher Julia Antonieta de Carvalho e
outros, de Calimério Pinheiro da Silva e sua mulher Celina Duarte Pinheiro e
outros, e de Fernandes Jacob e sua mulher, perfazendo um total de
Esta área da colônia era ocupada
anteriormente por 14 famílias proprietárias e 50 arrendatários, todos
brasileiros, que se dedicavam a cultura do algodão, milho, cana, mamona,
mandioca, criação de porcos e pastos para gado leiteiro e de engorda.
A Colônia fez parte do Município de
Maracaí até 1.963, quando foi desmembrado o Município de Cruzália, e que a
partir desta data passou a fazer parte do novo município.
Portanto a área da Colônia era de
3.625,16 há dos quais 150 há foram estabelecidos para circulação e para a
instalação do organismo urbano, e o restante foi dividida em 180 lotes de
A primeira leva de imigrantes em
1951 foi de 41 famílias, as restantes vieram aos poucos nos anos seguintes, e
já em 1952 ocorreu a primeira safra, ocasião que somente 76 lotes estavam
ocupados.
Pedrinhas foi formada de início por
diversas famílias vindas de 15 regiões entre as do Norte, do Centro e do Sul, e
de suas mais diversas províncias e municípios. Do total de 143 famílias, 59
vieram de sete regiões do Norte (Piemonte, Lombardia, Emilia Romagna, Alto
Adige Trentino, Venezia Giulia, Toscana e Veneto), 43 vieram de duas regiões do
Centro (Lazio e Úmbria) e as restantes 41 famílias vieram de seis regiões do
Sul (Campânia, Abruzzi e Molise, Brassilicata, Puglia, Calábria e Sicília). O
maior contingente familial foi de: do Veneto (Norte) com 42 famílias, do Lazio
(Centro) com 37 famílias e do Abruzzi e Molise (Sul) com 16 famílias. Em
resumo, as 143 famílias vieram de 86 municípios pertencentes a 36 províncias e
de 15 regiões. As províncias que mais contribuíram foram: Frosinone (Lazio) com
27 famílias, Venezia (Veneto) com 17 famílias, Chieti (Abruzzi e Molise) com 10
famílias, Avellino (Campânia) com nove famílias, Cosenza (Calábria) com sete
famílias e Perugia (Úmbria) com cinco famílias.
Nem todos trouxeram para o novo país
a visão deprimente e trágica da guerra, mas a rigor pode-se dizer que em menor
ou maior grau, o clima bélico ajudou a empurrar todas as famílias para o novo
País. Clima que se traduzia nos anseios de melhor destino para os filhos, em
busca de paz duradoura para a família, em morar num país onde a vida não fosse
em breve intervalo entre uma guerra e outra.
A CBCII colocou a venda 532 lotes
urbanos com tamanho médio de
A vila da Colônia situada a
Na Colônia se fazia duas safras, a
das águas e a das secas, a do algodão, milho e arroz como as principais, e a
cultura do trigo no inverno, que constituiu um privilégio da Colônia pelo fato
dela ter sido a primeira a cultivá-lo. Em 1952 ocorreu a primeira safra,
ocasião em que somente 76 lotes estavam ocupados.
Houve, portanto a criação da Colônia
de Pedrinhas em 21 de setembro 1952, instalada por uma verdadeira companhia
colonizadora dotada de todos os requisitos exigidos pelo empreendimento, como
as construções de igreja, escola, hospital, cooperativa, escritório
administrativo, alojamentos a operários, oficinas, etc. Esta Companhia
concluiu, portanto sua missão de fixar os imigrantes italianos na colônia e
manteve seu escritório até final
Em Pedrinhas entre
Não poderia deixar de dar o merecido
destaque ao sucesso e desenvolvimento da Colônia a pessoa do Senhor Monsenhor
Ernesto Montagner, Pároco imigrante, foi a viga mestra desde a instalação da
Colônia até os últimos dias de sua vida, cujo falecimento foi em 11 de dezembro
de 95, manteve sempre firme neste ideal, foi um verdadeiro Guia Espiritual,
Grande incentivador da educação, Conselheiro sensato, amigo de todos,
pacificador e conciliador nos momentos de crise e defensor incansável aos
interesses de seu povo imigrante italiano.
Na década de 70 houve uma grande
expansão da Colônia, graças a sua agricultura pujante e forte, onde ocorreu
grande avanço produtivo em suas culturas como a soja e o trigo em consonância
com as novas tecnologias tanto na linha de pesquisa de novos cultivares, como
no investimento em novos implementos agrícolas. Devido a esse crescimento de
produção, tornou necessário que a antiga Cooperativa que servia somente bens de
consumo aos habitantes, abrisse uma filial especificamente agrícola para que
atendesse aos anseios dos agricultores. Foi quando em 1969 alugou as
instalações de uma maquina de algodão de uma empresa particular que se
encontrava quase desativada e passou assim a atender a todos os plantadores de
algodão, recebendo, beneficiando e comercializando seu produto e que se manteve
nesta atividade até 1974, pois a região deixou de plantá-lo e passaram
definitivamente ao plantio de soja e trigo, o que levou a Cooperativa em
A partir de 1972 Pedrinhas já
almejava alcançar uma força política dentro da administração do Município,
quando em 1974 fez forte oposição ao poder que administrava Cruzália.
Logo que, em 14 de maio de 1980
passava a condição de Distrito através da Lei nº 2.343, com sede no bairro de
Pedrinhas e território pertencente ao Município de Cruzália – SP.
Somente em 30 de
dezembro de 1991 conseguiu sua emancipação política, através da Lei nº 7.684,
desmembrando do Município de Cruzália e tornando-se Município de Pedrinhas
Paulista.
O Município de
Pedrinhas Paulista tem uma área de 148,70 km2, ou seja, 6.144,62 alq. Sendo
(146,95 km2) 6.072,31 alqueires como área rural e (1,75 km2) 73,31 alqueires
como área urbana.
Portanto, em 1992
ocorreu o primeiro pleito eleitoral, cuja instalação da primeira Câmara
Municipal foi no dia 01 de Janeiro de 1993, começando assim a nossa
administração pública e política em prol da comunidade pedrinhense.
Hoje em sua quinta
legislatura, o Município vem se desenvolvendo com brilhantismo, através de sua
possante agricultura e mantendo sua cultura, costumes e tradições, o que o tem
levado a ser destaque no Estado de São Paulo.
Texto elaborado por:
Amarílio Domingues Ferreira.
Baseado em pesquisa de
documentos e livros arquivados no Centro Cultural